sábado, 20 de março de 2010

QUEM É E QUEM NÂO É DO CAMINHO DA GRAÇA?

O “Caminho da Graça” não existe, a menos que você o torne existente para você.
Tem gente que pensa que existe algo real com o nome de “Caminho da Graça”. Não. Tal coisa não existe. E jamais deixarei que exista.
Existe uma nomenclatura dada a um movimento de busca da simplicidade do Evangelho, o qual, entre nós, circunstancialmente, se chama “O Caminho da Graça”.
Mas não existe nada como as mulheres do “Caminho da Graça”, os adolescentes do “Caminho da Graça”, os jovens do “Caminho da Graça”, ou mesmo os mentores do “Caminho da Graça”.
Temos reuniões para gente: homens, mulheres, crianças, jovens, adolescentes e até para os adultos que se sentem eternamente meninos. Mas participar do grupo não faz da pessoa uma pessoa do “Caminho da Graça”, a menos que ela viva o Evangelho.
No “Caminho da Graça” somente é quem é; quem não é… pode freqüentar, estar em todas, mas não é.
Sim! Pois no “Caminho da Graça” apenas se dá valor ao que a pessoa faça de uso do bem do Evangelho para ela. Se fizer…, está no “Caminho da Graça”, se não fizer... pode fazer o que desejar, mas não é e não está no “Caminho da Graça”.
É por isto que não temos “membros”, nem “oficiais”, nem coisa alguma que dê à pessoa a ilusão de que por ter uma função oficial, isto faça dela uma pessoa especial.
Perguntam-me:
“Fulano é do “Caminho da Graça”?”
Respondo:
“Não sei. É?”
Então afirmam:
“É sim. Tá lá todo domingo!”
Respondo:
“O diabo também”.
Retrucam:
“Mas a pessoa da qual falo é de lá sim; diz que é seu discípulo e defende você em tudo!”
Respondo:
“Defender-me não o torna do “Caminho da Graça”. Ele será do “Caminho da Graça” apenas se andar com Jesus, o Caminho. No “Caminho da Graça” não temos ninguém que seja do “Caminho da Graça” apenas porque apareça, goste ou freqüente”.
Temos uma reunião ou mais. O nome do ajuntamento desses discípulos é “Caminho da Graça”. Mas o nome somente será mais que um nome se a pessoa viver o Caminho de Jesus, abraçar o Evangelho. Do contrário, é apenas uma pessoa freqüentando um ambiente no qual o Evangelho é pregado; embora a pessoa não seja do “Caminho da Graça”, a menos que se faça um ente de tal realidade pela simples seriedade com a qual trate o Evangelho em sua vida.
Assim, quando me dizem:
“Os jovens do “Caminho da Graça” ou os adolescentes do “Caminho da Graça” estão fazendo besteira”, eu digo:
“O Caminho da Graça” não tem a paternidade de ninguém. O “Caminho da Graça” não adota pessoas; pessoas é que adotam o “Caminho da Graça” quando se tornam discípulas de Jesus. Enquanto obedecerem ao Evangelho serão do “Caminho da Graça”, mas no dia em que desistirem do Evangelho como bem para as suas próprias vidas, nesse dia já não serão do “Caminho da Graça”.”
Por isto, no “Caminho da Graça” ninguém disciplina ninguém se você entender por disciplina aquilo que as “igrejas” fazem: afastar o membro.
No “Caminho da Graça” ninguém afasta ninguém, as pessoas se afastam quando não suportam mais o Evangelho.
E quando há dos que não assumem e nem se afastam, nada muda, pois, tem-se apenas uma pessoa ouvindo o Evangelho, e, em mim, sempre há a esperança de que a pessoa se converta.
O “Caminho da Graça” não assume nenhum papel de Xerife, ou de pai, ou mãe, ou de “igreja”; ou seja: de superego dos crentes!
No “Caminho da Graça” quem, sendo filho, tem pai e mãe, o “pastor” de tal pessoa jovem será o pai ou a mãe.
Ninguém é chamado para se explicar. A vida da pessoa a explica todo dia, para o bem e para o mal.
No máximo o que se faz é, ao se ver que uma pessoa não está andando conforme o Evangelho, apenas pedir que ela dê um tempo nas atividades publicas à frente de eventos ou coisas relacionadas ao “Caminho da Graça”, mas se insta com ela para que fique exposta à Palavra.
“O Caminho da Graça” apenas tem duas instancias de manifestação; uma grupal e densa e outra individual; ou seja: as reuniões do grupo e as ações dos indivíduos comprometidos com o Evangelho.
Não queremos ser uma comunidade/clube, na qual os membros se sintam pertencendo ao grupo.
No “Caminho da Graça” apenas queremos que as pessoas se exponham ao Evangelho. Se andarem juntas por gostarem da companhia umas das outras, que façam bom proveito. Mas não é por isto que se tornam mais do “Caminho da Graça” do que quem apenas ouve a Palavra e faz bom proveito dela em sua vida, sem jamais querer sair para comer uma pizza depois da reunião, que pode até ter sido “um culto”, no caso de todos os que dela participem tenham adorado a Deus em espírito e em verdade, no ato de cultuarem juntos.
Assim, um monte de adolescentes que andem pelas reuniões do “Caminho da Graça” não são os “Adolescentes do Caminho”, mas apenas um grupo de meninos que aparecem nas reuniões do “Caminho da Graça”.
Os do “Caminho da Graça” são os que, pela vida, confessam Jesus e o Evangelho. Os que assim não fazem são apenas pessoas que aparecem aos encontros, mas que nada fazem do bem do Evangelho em suas vidas; portanto, andam nas reuniões do “Caminho da Graça”, mas ainda não estão no Caminho.
Assim, no “Caminho da Graça” ninguém é a menos que seja; pois, se não for, não se tornará por nada neste mundo.
“O Caminho da Graça” não é um ajuntamento, antes de ser um conceito: O Evangelho.
Meu compromisso é apenas pregar sem falsificação o Evangelho. O que fazem com o que prego é decisão de cada um. Eu, todavia, não tenho membros e nem oficiais, pois, entre nós, só é oficial aquilo que se torna vivo pelo Evangelho todos os dias, e só é membro quem serve o próximo, não quem dá o dízimo ou vira bucha de reuniões sem sentido... para a pessoas que aparecem sem saber nem bem a razão.
Desde que “O Caminho da Graça” iniciou aqui em Brasília, e, depois, pelo Brasil e até em outros paises, já recebi cartas de pessoas me cobrando algo sobre o comportamento de alguém ou alguns que dizem ser do “Caminho da Graça”.
Minha resposta é sempre a mesma:
“Ele pode até freqüentar as reuniões, mas não é do Caminho, pois, no “Caminho da Graça” só é verdade o que for verdade em Jesus, o que não for, não faz ninguém se tornar do “Caminho da Graça”.
No Caminho de Jesus só é quem se faz ser todos os dias!
Quando você vir alguém se jactando que é do “Caminho da Graça”, não creia nele. Quem é do Caminho não se jacta de nada, apenas serve sem questões e sem argumentos.
Quando você vir alguém se dizendo do “Caminho da Graça” ao mesmo tempo em que negue o Evangelho na prática da vida, pode dizer: “Você freqüenta as reuniões do grupo o “Caminho da Graça”, mas você não é do “Caminho da Graça”, posto que não haja graça em seu caminhar”.
Perguntam-se:
O “Caminho da Graça” tem membros?
Respondo:
“Tem todos os que andam com Jesus segundo a simplicidade do Evangelho. Esses são os membros se forem membros do Corpo de Cristo, manifestando isso pela adesão de discípulo a Jesus”.
No dia em que se fizer a “conta” de quantos sejam os membros do “Caminho da Graça”, nesse dia o “Caminho da Graça” acabou.
A permanecia do “Caminho da Graça” dependerá totalmente de sua coragem de total impermanência.
Um grupo de gente que freqüenta o “Caminho da Graça” é apenas um monte de gente que freqüenta o “Caminho da Graça”.
Se estiverem fazendo o que é bom, bom será o que fizeram. Se estiverem fazendo o que é mal, mal será o que fizerem.
Simples assim.
Se passar disso, saiba: não é o “Caminho da Graça”; pois, entre nós tal é radicalidade existencial anunciada; se for, é; se não for, não é.
O resto é o velho fantasma da “igreja” assombrando os crentes ainda viciados em pertencer sem ser.
Ou então é o ardil de sempre do diabo, estimulando o individuo a pertencer [como se fosse possível] sem se tornar.
Em Jesus quem é, é; quem não é, não é.
É assim que é com Jesus. Por que deveria eu adotar outro critério?
Jamais!
Afinal, no “Caminho da Graça” não vale tudo e não vale nada, pois, só vale o Evangelho.
Assim, quem ama Jesus e anda no Evangelho, esse é do “Caminho da Graça”. Mas quem apenas acha legal ou pensa que vale tudo, esse saberá que no “Caminho da Graça” as coisas são ainda mais estreitas, pois, não se tem a ilusão nem dos números e nem dos membros...; posto que apenas sejam do “Caminho da Graça” os que sejam do único Caminho de Vida, Jesus.
Perguntam-me:
“No “Caminho da Graça” vale tudo?”
Respondo:
“Não! No “Caminho da Graça” só vale o que seja Evangelho; pois, o que não for... para nós não vale nada!”
Portanto, só é membro do “Caminho da Graça” quem se fizer ramo da Videira por conta própria, único modo de alguém se tornar ramo da Videira Verdadeira,


Nele,

Caio
25 de março de 2009
Lago Norte
Brasília
DF

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Escola... pra quê mesmo? por Gisella Werneck Lorenzi

Desfecho desastroso da semana da criança: menina de 7 anos levada pela policia à delegacia após briga com coleguinha dentro da escola. O motivo: um doce não compartilhado. O caso de Campinas dá evidências de que duas das mais antigas instituições públicas do País estão, não apenas perdidas e equivocadas, mas mostraram-se nocivas para as crianças.

A Escola Estadual Disnei Francisco e a Policia Militar de São Paulo, ambas envolvidas nesta “ocorrência”, agiram em uma parceria sinistra e os efeitos para esta criança são devastadores: quebra da confiança nos adultos educadores, e a confiança é sempre estruturante como nos ensina Winnicott, e compulsória identificação com o lugar do bandido, já que tratada como tal. Uma pequena criminosa que não tem com quem contar dentro do espaço, supostamente educador, em que vive sua infância.

Isto sem falar dos efeitos junto às outras crianças e pais que serão obrigados a conviver com a possibilidade da repetição. E a tradução disto é um forte sentimento paranóico que se instalará na relação com a escola.

Uma pergunta muito singela e básica acompanhou a leitura da reportagem da Folha de São Paulo de sábado (17/10/09): qual é, afinal, na visão desta escola, o seu papel? O que aqueles educadores, reunidos na sala da direção com uma menina de sete anos descontrolada e muito brava, pensam que seja sua função? Qual seria a contribuição destes profissionais frente aos meninos e meninas com os quais convivem todos os dias, em uma intensidade muitas vezes maior do que com seus próprios parentes?

Porque, se o que a escola faz, não tiver nada que ver com a construção de relações sociais, respeito às leis, às regras de convívio social e aos direitos humanos, formação de cidadãos críticos e solidários com seus pares, amor ao conhecimento acumulado da civilização e repúdio a toda forma de barbárie... então o que resta para a escola fazer é realmente muito pouco! O que este incidente revela é que é preciso uma revisão radical da compreensão do que seja a missão da educação no Brasil de hoje.

O Estatuto da Criança e do Adolescente em seus artigos 230, 232 e 234 prevê punições para o dirigente escolar mediante tal ato criminoso. Cabe agora ao Ministério Público fazer valer o que prevê o ECA e à sociedade civil acompanhar e cobrar por tal responsabilização.

* Gisella Werneck Lorenzi é psicóloga e uma das coordenadoras do Portal Pró-Menino.

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

JORNAL NACIONAL, 40 ANOS: CADA UM CONTA O QUE QUER CONTAR

JORNAL NACIONAL, 40 ANOS: CADA UM CONTA O QUE QUER CONTAR

Muitos leitores devem ter notado que a TV Globo passou as duas últimas semanas celebrando o aniversário de 40 anos do Jornal Nacional. Desde a sua criação, o telejornal global é, de longe, a principal fonte de informação de milhões de brasileiros.

Por Diogo Moyses, no Terra Magazine
Bonner e Fátima Bernardes fizeram questão de nos lembrar das tantas glórias conquistadas pelo JN e pelo jornalismo da emissora. Matérias intermináveis — intermináveis mesmo, de quase 15 minutos — exaltaram os feitos do telejornal. Os mais antigos repórteres (os que certamente melhor cumprem ordens do patrão) foram chamados à bancada e, ao vivo, recordaram as coberturas dos fatos que marcaram a história recente do país.

Telespectadores desavisados, desconhecedores de episódios importantes da vida nacional, talvez até tenham ficado com lágrimas nos olhos.

É fato incontestável que o Jornal Nacional consolidou-se desde a década de 1970 (estreou em 1969) como símbolo do poder das Organizações Globo. Com uma estrutura quatro, cinco ou seis vezes maior do que os telejornais de suas concorrentes, ainda hoje bota medo na maioria dos políticos, que temem ser alvos de abordagens, digamos, pouco simpáticas. Quando as menções são positivas, aí é só festa. Dá até pra pensar em vôos mais altos. Símbolo maior desse poder é o fato de seu lobista-chefe ser chamado de "senador" nos corredores do Congresso Nacional. Sem nunca ter sido candidato nem eleito para cargo algum, desfruta de poderes que nenhum parlamentar possui.

O JN tem todo o direito de comemorar o que bem entender. Aliás, a Globo é perita em se autopromover. Já fez isso em diversas ocasiões e continua a fazer com competência, posando de defensora da cultura nacional e da liberdade de expressão, além da já manjada face "solidária" que os Crianças Esperanças da vida buscam construir.

O perigo iminente disso tudo é que, em um país pouco conhecedor da biografia de seus meios de comunicação, corre-se o risco de reescrever a história. O temor não se faz em vão: como historiadores cansam de afirmar, a memória coletiva muitas vezes é fruto do legado dos mais fortes.

Mas voltemos ao nosso tema. Como era previsível, o JN tratou de lembrar das tantas ocasiões nas quais noticiou fatos da vida política, econômica, cultural e esportiva do país.

Esqueceu-se, no entanto — e ao acaso isso não pode ser creditado —, de recordar os momentos em que o telejornal global foi ele mesmo sujeito da história.

Ficou de fora da retrospectiva, por exemplo, que o surgimento e fortalecimento da TV Globo deu-se a partir de um acordo ilegal com o grupo estrangeiro Time-Life, que foi inclusive objeto de CPI no Congresso Nacional.

Esqueceram de dizer que a emissora foi criada e se fortaleceu com o apoio decisivo dos sucessivos governos militares. E que seu jornalismo, em especial o JN, ignorou solenemente as torturas, os desaparecimentos e as mortes dos que lutavam contra a ditadura, como se não tivessem acontecido.

O resgate histórico deixou de lado a tentativa de ignorar o movimento pelas eleições diretas nos primeiros anos da década de 1980, assim como a participação da emissora na tentativa malsucedida de fraude nas eleições para o governo do Rio de Janeiro, com o objetivo de evitar a posse de Leonel Brizola.

A memória seletiva igualmente deu conta de apagar a participação decisiva do JN na eleição de Fernando Collor em 1989, quando a emissora editou de forma canalha o último debate entre Collor e Lula, além de utilizar contra o candidato petista as acusações lunáticas de sua ex-mulher e o sequestro do empresário Abílio Diniz.

Nos anos seguintes, de forma nem um pouco sutil, foi linha de frente na consolidação da ideia — hoje comprovadamente furada — de que o neoliberalismo e a privatização de empresas estatais eram o único caminho a seguir, impulsionando a eleição e reeleição de FHC à Presidência.

Há ainda uma série infindável de episódios mais recentes que poderiam ser acrescentados à lista, como a cobertura favorável ao tucano Alckmin nas últimas eleições presidenciais. Ao contrário de outras tentativas, a tática não deu certo, graças à multiplicação das fontes de informação e, quem sabe, ao aumento da consciência política das classes menos favorecidas.

Fato é que, ao longo de toda a sua história, a Globo consolidou-se como os olhos e ouvidos da atrasada elite brasileira, cerrando fileiras contra movimentos sociais e quaisquer políticas distributivas. Em Brasília, seu "senador" é sempre recebido com afagos. Tapetes vermelhos se estendem aos seus pés. E assim, políticas que visam democratizar as comunicações do país são enterradas antes mesmo de nascerem.

É normal, compreensível até, que o JN tente recontar a sua própria história. O que não pode acontecer é que a história não contada por ele seja esquecida por nós.

* Diogo Moyses é jornalista, radialista, membro do Intervozes – Coletivo Brasil de Comunicação e autor de A Convergência Tecnológica das Telecomunicações e o Direito do Consumidor

quinta-feira, 30 de abril de 2009

Por dizer a verdade por Eduardo Guimarães

Joaquim Benedito Barbosa Gomes é o nome dele.

Conhecido como Joaquim Barbosa, apenas, ele é ministro do Supremo Tribunal Federal do Brasil desde 25 de junho de 2003, quando nomeado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. É o único negro entre os atuais ministros do STF.
Joaquim Barbosa nasceu no município mineiro de Paracatu em 7 de outubro de 1954 (54 anos), noroeste de Minas Gerais.
É o primogênito de oito filhos.
Pai pedreiro e mãe dona de casa, passou a ser arrimo de família quando estes se separaram.
Aos 16 anos foi sozinho para Brasília, arranjou emprego na gráfica do Correio Braziliense e terminou o segundo grau, sempre estudando em colégio público.
Obteve seu bacharelado em Direito na Universidade de Brasília, onde, em seguida, obteve seu mestrado em Direito do Estado.
Prestou concurso público para Procurador da República e foi aprovado.
Licenciou-se do cargo e foi estudar na França por quatro anos, tendo obtido seu Mestrado em Direito Público pela Universidade de Paris-II (Panthéon-Assas) em 1990 e seu Doutorado em Direito Público pela Universidade de Paris-II (Panthéon-Assas) em 1993.
Retornou ao cargo de procurador no Rio de Janeiro e professor concursado da Universidade do Estado do Rio de Janeiro.
Foi Visiting Scholar no Human Rights Institute da faculdade de direito da Universidade Columbia em Nova York (1999 a 2000), e Visiting Scholar na Universidade da California, Los Angeles School of Law (2002 a 2003).
Fez estudos complementares de idiomas estrangeiros no Brasil, na Inglaterra, nos Estados Unidos, na Áustria e na Alemanha. É fluente em francês, inglês e alemão.

O currículo do ministro do STF Joaquim Barbosa que vocês acabam de ler foi extraído da Wikipédia, mas pode ser encontrado facilmente nos arquivos dos órgãos oficiais do Estado Brasileiro.
“E o que mostra esse currículo?”, perguntarão vocês. Antes de responder, quero dizer que o histórico de vida de Joaquim Barbosa pesa muito neste caso, porque mostra que ele, à diferença de seus pares, é alguém que chegou aonde chegou lutando contra dificuldades imensas que os outros membros do STF jamais sequer sonharam em enfrentar.
Não se quer aceitar, nesse debate – ou melhor, a mídia, a direita, o PSDB, o PFL, os Frias, os Marinho, os Civita não querem aceitar –, que Joaquim Barbosa é um estranho no ninho racialmente elitista que é o Supremo Tribunal Federal, pois esse negro filho de pedreiro do interior de Minas é apenas o terceiro ministro negro da Corte em 102 anos, conforme a Wikipédia, tendo sido precedido por Pedro Lessa (1907 a 1921) e por Hermenegildo de Barros (1919 a 1937).
E quem é o STF hoje no Brasil? Acabamos de ver recentemente nos casos Daniel Dantas, Eliana Tranchesi etc. É o que sempre foi: a porta por onde os ricos escapam de seus crimes.
Joaquim Barbosa é isolado por seus pares pelo que é: negro de origem pobre numa Corte quase que exclusivamente branca nos últimos mais de cem anos, que julga uma maioria descomunal de causas que beneficiam a elite branca e rica do país.
Sobre o que ele disse ao presidente do STF, Gilmar Mendes, apenas repercutiu o que têm dito, em ampla maioria, juízes, advogados, jornalistas, acadêmicos de toda parte do Brasil e do mundo, que o atual presidente do Supremo, com suas polêmicas midiáticas, com denúncias de grampos ilegais que não se sustentam e que ele até já reconheceu que “podem” não ter existido – depois de toda palhaçada que fez –, desserve à instituição que preside e ao próprio conceito de Justiça.
Gilmar Mendes pareceu-me ter querido “pôr o negrinho em seu lugar”, e este, altivo, enorme, colossal, respondeu-lhe, com todas as letras, que não o confundisse com “um dos capangas” do supremo presidente “em Mato Grosso”.
Falando nisso, a mídia poderia focar nesse ponto, sobre “Mato Grosso”, mas preferiu o silêncio. Esperemos...
Recomendo-lhes que, depois de terminarem de ler este texto, voltem aqui e terminem de ler o currículo de Joaquim Barbosa na Wikipédia. Claro que muitos dirão que a Wikipédia é “aparelhada pelo PT”, sem darem maiores explicações sobre como e por que isso acontece. Mas eu concordo com o texto ali postado. A meu ver, está mais do que correto.
Finalmente, esse episódio revelou-se benigno para a nação, a meu juízo, pois mostrou que ainda resta esperança para a Justiça brasileira. Enquanto houver um só que enfrente uma luta aparentemente desigual para si simplesmente para dizer o que falam quase todos, porém sem que os poucos poderosos dêem ouvidos, haverá esperança. Enquanto um resistir, resistiremos todos.
Joaquim Barbosa é um estranho no ninho do STF, entre a elite branca da nação, e está sendo combatido por isso e por simplesmente dizer a verdade em meio a um mar de hipocrisia. O Brasil inteiro sabe disso e essa talvez seja a verdade mais importante, pois dará conseqüência aos fatos, se Deus quiser.